Acreditando ser mensagens de WhatsApp da filha que mora em outro estado, uma comerciante de Novo Hamburgo de 58 anos cedeu a pedidos urgentes de dinheiro e transferiu R$ 17 mil para estelionatários, na semana que passou. No mesmo período, outra família da cidade caiu na armadilha. E não são os únicos casos no Vale do Sinos, que vive uma onda de golpes semelhantes este mês.
Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial
“Me ajuda, mãe”. Com saudade da filha, a moradora do bairro Rincão logo acreditou que fosse ela e não hesitou em fazer as transferências bancárias, no decorrer do dia 11. Foram oito Pix, para quatro pessoas – dois homens, nos valores de R$ 4.023,00 e R$ 3.750,00 e duas mulheres, nas quantias de R$ 3.877,00 e R$ 1.888,00.
Não era ela
Na terça-feira, veio nova mensagem da quadrilha se passando pela filha, falando da necessidade de mais R$ 4.260,00, agora para a conta em nome de outro homem. Desta vez, antes de fazer o pagamento, foi checar com a filha e descobriu que não eram dela os pedidos.
No mesmo dia, a vítima fez ocorrência na Central de Polícia de Novo Hamburgo. No registro, a comerciante especificou os CPFs e identificação dos beneficiados com os depósitos. A suspeita é que sejam “laranjas” da quadrilha, que emprestam o nome, ou que se trate de contas abertas com documentos falsos. Abalada, a comerciante não quis falar à reportagem.
Na pressa em ajudar, outra mãe pediu empréstimo
No dia em que a comerciante constatou que foi vítima de golpe, um casal do bairro Vila Nova acabou caindo no conto, possivelmente praticado pela mesma quadrilha. Os vigaristas também se passaram pela filha, uma universitária que mora longe. O pai, um motorista profissional de 55 anos, recebeu mensagem por volta das 16 horas, em que a jovem pedia ajuda financeira.
Preocupado, ele falou à esposa, de 53 anos, que estava no trabalho e em seguida também foi contatada pelos vigaristas. A mulher imediatamente tentou fazer a transferência, mas não conseguiu. Pediu então socorro à empregadora, que desconfiou e alertou sobre a possibilidade de golpe, mas acabou fazendo os Pix diante da aflição da funcionária em acudir a filha. Foram dois, um de R$ 2.180,00 e outro de R$ 3.680,00, que a mãe restituiu no mesmo dia à patroa.
“Eu alertei, mas ela estava ansiosa em ajudar”
Quando recebeu o terceiro pedido de dinheiro, a funcionária voltou à empregadora, que então se negou com veemência a fazer novo pagamento. “Em todo momento fui relutante, eu alertei, mas ela estava ansiosa em ajudar. Orientei a ligar antes para a filha. Acabei fazendo duas transferências pela insistência e aflição. Ela sente muita falta da menina, que está distante, e isso mexe com o emocional”, relata a chefe da vítima.
Depois do trabalho, ainda bombardeada por mensagens dos estelionatários, a mulher, junto com o marido, pediu provas de que a pessoa era realmente a filha. Sem retorno, o casal se convenceu de que tinha caído em golpe. Ainda na terça, às 21h30, a mãe foi à delegacia fazer a ocorrência, com a informação dos CPFs e nomes das duas titulares das contas favorecidas. Fragilizado, o casal não estava em condições de falar à reportagem.
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