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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

CHOQUE, PAULADAS, ESTUPROS E DENTE ARRANCADO COM ALICATE: Homem torturava companheira e criança de sete anos

Polícia apreendeu materiais e instrumentos usados para sessões de tortura de mãe e filho em Taquara, no Vale do Paranhana; entenda o caso

Ubiratan Júnior
Publicado em: 29/08/2023 às 11h:47
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Uma mulher de 29 anos e o seu filho de sete fugiram da casa onde moravam em Taquara, no Vale do Paranhana, após serem vítimas de constantes agressões e tortura física e psicológica, cometidas pelo companheiro da mulher, padrasto da criança.

O homem de 42 anos mantinha a mãe e a criança em cárcere privado parcial, além de bater nelas com cabos de vassoura, estuprar a mulher e menino, dar choques, arrancar o dente da companheira com um alicate, entre outros tipos de violência.

Agressor usava cabos de vassoura para bater e abusar sexualmente de mãe e filho em Taquara | Jornal NH



Agressor usava cabos de vassoura para bater e abusar sexualmente de mãe e filho em Taquara

Foto: Polícia Civil

Para fugir de casa, ela disse ao homem que tinha uma reunião na escola do filho na segunda-feira (28). No local, relatou a situação para uma professora que pediu um motorista de aplicativo até Novo Hamburgo para as vítimas fugirem do agressor.

Na cidade do Vale do Sinos, mãe e filho ficaram em situação de rua, até que ela pediu ajuda para a Brigada Militar.

As vítimas foram levadas para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), onde registraram o caso. A mulher contou que conheceu o companheiro através de uma rede social e que estava em um relacionamento com ele há cerca de um ano. Segundo o depoimento, no começo, ele tratava ela e o filho bem. Ela descreveu que, no início, ele era um “homem maravilhoso e educado”.

A personalidade do então companheiro mudou assim que o casal decidiu morar junto. No dia da mudança, ele teria ficado bravo porque ela não havia terminado de arrumar as caixas. “Tu é uma preguiçosa, não faz nada, deve estar à procura de macho na beira da cerca”, teria dito ele para a mulher.

Conforme os relatos, o homem também tinha hábito de jogar uma cadeira nela a cada briga e que teria dito que só pararia quando o móvel quebrasse. A mulher ainda disse à Polícia que as implicâncias também aconteciam com o filho e que o agressor queimou os brinquedos do menino, afirmando que nunca mais teria os objetos na vida dele. E obrigava a criança a chamá-lo de pai.

O homem também dizia que ela era propriedade dele. Em uma das agressões, o homem esfaqueou o seu braço esquerdo. Mesmo ferida, ele a obrigou a ter relações sexuais.

Para esconder a situação da violência vivida na residência, o homem exigia que a vítima andasse arrumada, com cabelos e unhas cuidadas, para passar a imagem de que a mulher era bem cuidada. No entanto, segundo a vítima, o medo era constante.

Ela era proibida de sair de casa, o homem permitia que fosse apenas à escola do filho e, eventualmente, ao mercado que ficava perto da casa onde moravam, com tempo cronometrado. Quando ela saía a estes locais, ele cronomentrava o tempo e, se ela demorasse, apanhava.

“Mãe, ele vai me matar afogado”

Em relato à Polícia Civil, a mulher disse que uma vez o menino chegou da escola contando que havia perdido o lápis e a borracha e que o homem saiu do quarto xingando a criança e mandando que fosse procurar.

A mulher interveio e disse que não tinha como. O homem pegou um cabo de vassoura e “quebrou na paleta” do menino. Depois teria colocado a criança no chuveiro tentado afogá-lo e dizia “tu vai perder mais alguma coisa?”. A criança pedia ajuda da mãe. “Ele vai me matar afogado”.

A mulher disse que impediu que a criança continuasse apanhando e que, por isso, o homem bateu e estruprou ela.

Em outra ocasião, o homem agrediu menino por brincar no pátio de casa. Um dos episódios de violência foi desencadeado porque o menino não tinha colocado o cabeçalho com data no caderno. A mulher começou a chorar e então ele chamou. Disse para a criança que não gostava de mulheres fracas e começou bater na mãe da criança com um pedaço de pau.

Tortura com choques e dente arrancado com alicate 

Em depoimento, a vítima disse que sofria sessões de choques. As brigas ocasionadas por ciúme eram constantes, uma delas aconteceu porque ela teria demorado para estender roupas no varal e, por isso, ele afirmou que ela estava paquerando vizinhos.

Nesse dia, pediu para que a companheira entrasse em casa e então passou a bater nela. Em um dos momentos, a repetição dos golpes da cabeça dela contra a parede quebrou uma tomada.

E o homem ainda teria colocado a culpa nela pelo o que estava acontecendo. Na sequência, desencapou fios energizados e encostou na pele dos pés da vítima. A exposição ao choque só teria fim se ela dissesse que estava com calor.

A vida de tortura e espancamento teria durado cercade seis meses. Entre os diversos relatos de abusos, golpes, e agressões, a mulher falou que chegou a ter o dente arrancado com um alicate porque ela “sorria demais”. 

Após prestar depoimento, as vítimas foram levadas exames de corpo de delito e, depois, foram acolhids em um abrigo.

A Polícia foi até a casa onde a família morava, mas não encontrou o agressor. No local, foram apreendidos materiais e instrumentos utilizados para torturas, como fios para choques elétricos e cabos de vassoura.

“Com 13 anos de polícia nunca vi algo com tamanha brutalidade”, afirma o delegado Valeriano Garcia Neto, titular da Delegacia de Polícia de Taquara.

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