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EM 2023

BR-116: Quantidade de motociclistas mortos em acidentes na rodovia já é o maior dos últimos sete anos; veja os dados

Fatalidades também preocupam os moradores das regiões que são repletas de curvas na estrada

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Publicado em: 20/10/2023 às 15h:51 Última atualização: 20/10/2023 às 15h:53
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Os recentes acidentes com mortes envolvendo motociclistas na BR-116 assustam quem transita pela rodovia diariamente. A estatística reforça este sentimento: o ano de 2023 já supera o número de vítimas fatais em acidentes envolvendo motociclistas nos últimos sete anos. O último foi registrado no sábado (14), no quilômetro 213, em Morro Reuter, e resultou nos óbitos dos pilotos das duas motos envolvidas na ocorrência.

BR-116: Colisão entre motos de Sapiranga e Caxias do Sul mata uma pessoa e deixa outra ferida em Morro Reuter | Jornal NH



BR-116: Colisão entre motos de Sapiranga e Caxias do Sul mata uma pessoa e deixa outra ferida em Morro Reuter

Foto: Corpo de Bombeiros Voluntários de Picada Café

Entre janeiro e a primeira quinzena de outubro, 11 motociclistas perderam a vida ao se envolverem em colisões em um trecho de pouco mais de 70 quilômetros, entre Picada Café, na Serra gaúcha, e Canoas, na região metropolitana. A título de comparação, dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que, entre 2021 e 2022, foram registrados apenas oito acidentes com mortes de motociclistas. Ou seja, 2023 já registra um aumento de 37,5% neste tipo de ocorrência.

A estatística indica, ainda, que entre 2017 e 2023, acidente envolvendo motos deixou 2.193 vítimas feridas e 37 mortos, chegando a 1.780 o número de acidentes com esse tipo de veículo neste período. “Somente em 2023, foram 199 colisões envolvendo motos, sendo que em 53 ocasiões foram ocorrências graves. São números expressivos e que preocupam sim”, analisa o policial rodoviário Daniel Viana de Mendonça, chefe da 1ª Delegacia da PRF do Rio Grande do Sul.

Reforço do interior para intensificar fiscalização

O chefe da PRF na região associa os acidentes com motos, especialmente as de alta cilindrada, ao excesso de velocidade. “A gente sabe, pela experiência e pelos dados, que os pilotos dessas motos potentes cometem abusos no trânsito e que a alta velocidade é um destes fatores”, afirma Mendonça.

Pilotos chegam a "deitar" motos para fazerem curvas em trecho da BR-116 em Morro Reuter | Jornal NH



Pilotos chegam a “deitar” motos para fazerem curvas em trecho da BR-116 em Morro Reuter

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Para combater este tipo de infração, após observar o aumento de ocorrências, a Polícia Rodoviária Federal desencadeou a operação Caminhos da Vida, que conta com o reforço de 12 agentes de delegacias do interior do Estado para fazer frente a necessidade de ações mais recorrentes.

Nos últimos três meses, as ações com radar móvel foram intensificadas. “Chega a ter dias que estamos com quatro equipes operando radares em um trecho de apenas 20 quilômetros da rodovia”, assinala o chefe da 1ª Delegacia.

Uma pista de corrida, uma rota de exibicionismo

O caminho é bonito, mas o percurso repleto de curvas o torna perigoso. Mesmo assim, proprietários de motos de alta cilindrada ignoram os riscos e transformam a BR-116, entre Dois Irmãos e Picada Café, em uma pista de corrida e em um trecho de exibicionismo. Pelo menos, essa é a impressão de moradores que residem às margens da rodovia.

Roberto Rauber, que reside às margens da BR-116, diz que está cansado de socorrer motociclistas que se acidentam no trecho | Jornal NH



Roberto Rauber, que reside às margens da BR-116, diz que está cansado de socorrer motociclistas que se acidentam no trecho

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

O dentista Roberto Rauber, 37 anos, que reside a 100 metros do local do acidente do dia 14, que terminou com duas mortes, revela que os moradores da localidade do Bürkenthal, em Morro Reuter, estão preocupados com o excesso de velocidade visivelmente empregado por motociclistas que transitam pelo trecho nos finais de semana. “São malucos”, resumiu, lembrando que está cansado de socorrer motociclistas que se acidentam nas imediações de onde mora.

Rauber afirma que a BR-116, na subida da Serra, se transformou em uma rota que estes motociclistas usam para exibir suas motos e a potência delas. Fotógrafos profissionais começaram a parar ao longo do trecho para fazer registros desses motociclistas. “Já vi casos em que o piloto, ao perceber a presença desses ‘paparazzi’, retornam para serem fotografados de novo, mas aí descem em uma velocidade ainda maior e as manobras são ainda mais arriscadas”, aponta.

João Bosco afirma que moradores querem providências contra abusos praticados por motociclistas que transitam pela rodovia em Morro Reuter | Jornal NH



João Bosco afirma que moradores querem providências contra abusos praticados por motociclistas que transitam pela rodovia em Morro Reuter

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

“Isso aqui virou uma pista de corrida, e o que esses motociclistas fazem é criminoso, pois colocam em risco a vida de outros motoristas e de todos nós”, opina João Bosco, que reside na Picada São Paulo, próximo ao limite com Picada Café. Para o pedreiro, o Dnit e a PRF precisam agir para, ao menos, inibir os abusos cometidos pelos pilotos de motos potentes.

Bosco disse que o acidente do último final de semana foi a gota d’água do nível de paciência dos moradores do trecho. “Vamos nos unir e cobrar providências, pois alguém precisa tomar uma atitude. Estamos cansados de conviver com medo e com essa barulheira toda”, avisa.

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