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ASFIXIA

"Ele foi deixado sozinho em um carrinho": Diretora de creche é indiciada por morte de bebê de 5 meses em Canoas

Investigação conduzida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente aponta a diretora como a única responsável

Publicado em: 11/03/2024 às 15h:55 Última atualização: 11/03/2024 às 15h:56
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A Polícia Civil acaba de remeter à Justiça o inquérito a respeito do óbito do bebê Pedro Antônio Prado, que morreu engasgado no dia 22 de janeiro deste ano. A diretora da creche Espaço Kids foi indiciada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Creche Pique Esconde Espaço Kids permanece funcionando normalmente em Canoas



Creche Pique Esconde Espaço Kids permanece funcionando normalmente em Canoas

Foto: PAULO PIRES/GES

Foi na manhã do dia 22 de janeiro que o pequeno Pedro Antônio, de apenas 5 meses, foi levado às pressas para atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boqueirão. O menino morreria minutos depois.

A apuração do caso foi conduzida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, que chegou à conclusão que a diretora foi a única responsável pela morte do bebê.

Segundo o delegado Maurício Barison, que coordenou a investigação, a causa da morte foi por asfixia, mas não por leite ou qualquer outro alimento. O bebê acabou se asfixiando sozinho no carrinho de bebê.

“Ele foi deixado sozinho em um carrinho e acabou se asfixiando sozinho”, explica. “O laudo apontou que o leite foi uma consequência da asfixia. O alimento foi colocado para fora enquanto a criança tentava respirar.”

Barison explica que a própria diretora esclareceu à Polícia ter pegado o pequeno naquela manhã para cuidá-lo, tirando a criança da professora responsável pela supervisão direta.

“Ela disse que teve uma reunião cancelada e pegou o Pedro para tentar acalmá-lo, porque estava chorando, mas tocaram a campainha da creche e ela foi atender. A criança ficou sozinha no escritório”, esclarece.

A perícia não aponta por quanto tempo o bebê ficou sozinho. A diretora aponta ter sido um atendimento rápido. Sabe-se somente que foi durante esse período que a criança se asfixiou.

“Houve negligência, porque se a criança permanecesse com a responsável direta, estaria sob supervisão”, frisa. “Ao deixá-la sozinha, a diretora assumiu um risco e a resultado foi fatal.”

Sofrimento

O caso causou impacto na comunidade do bairro Guajuviras. Houve revolta de parentes e amigos logo após a ocorrência. Na época, os pedidos eram de justiça para a morte de Pedro Antônio.

A mãe, Nadilaine Prado, e o pai, Joelci Prado, chegaram a organizar uma manifestação em frente à creche na manhã do dia 26 de janeiro. Eles afirmavam que o filho havia sido deixado sozinho e sem supervisão.

Segundo o delegado, o depoimento da mãe da criança foi doloroso mesmo para os experientes policiais. Ao ser ouvida pela Polícia, Nadilaine chorou por mais de uma hora consecutiva a perda do único filho.

Ao saber de comentários maldosos que vêm sendo feitos sobre o caso pelas redes sociais, Barison também lamentou a falta de noção diante de um caso extremamente delicado e que exigiria prudência.

“A mãe é uma vítima diante deste caso”, afirma. “A dor da perda de um filho é algo doloroso e o sofrimento dela exige compreensão. Ela não pode ser culpabilizada por nada do que aconteceu”, completa.

O posicionamento da Pique Esconde 

A reportagem entrou em contato com a creche Pique Esconde Espaço Kids. Por meio de nota, a instituição disse ter sido informada que o caso foi encerrado pela Polícia Civil e encaminhado ao Ministério Público (MP). A Espaço Kids diz aguardar o contato dos órgãos competentes e confirma que a creche continua em funcionamento, já que respeita toda a legislação vigente necessária.

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