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Situação inédita

Como um parasita de 8 centímetros foi parar no cérebro de paciente

Caso foi detalhado em artigo científico de revista de saúde internacional

André Moraes
Publicado em: 29/08/2023 às 03h:00 Última atualização: 17/10/2023 às 20h:02
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Acabou virando notícia internacional um artigo científico publicado na edição de setembro do periódico especializado Emerging Infectious Diseases (“Doenças Infecciosas Emergentes”). A publicação é do CDC norte-americano (Centers for Disease Control and Prevention).

Tudo porque o texto, assinado por uma equipe médica do Hospital De Canberra, na Austrália, detalha como, pela primeira vez, foi encontrado no cérebro de um paciente humano um verme de oito centímetros de comprimento.

Fotos publicadas no artigo científico mostram a lesão identificada no cérebro da paciente e o verme encontrado dentro do cérebro da mulher australiana, de 64 anos | Jornal NH



Fotos publicadas no artigo científico mostram a lesão identificada no cérebro da paciente e o verme encontrado dentro do cérebro da mulher australiana, de 64 anos

Foto: Reprodução

Infecções parasitárias cerebrais em seres humanos existem, como a amebíase, causada por amebas. Entretanto, ao contrário do que acontece com parasitas do sistema digestório humano, que é suscetível a solitárias e lombrigas, no cérebro não haviam sido encontrados parasitas com tamanho maior até agora.

O artigo “Human Neural Larva Migrans Caused by Ophidascaris robertsi Ascarid” descreve o caso, que ocorreu em 2021, mas só foi revelado agora, após revisão científica. Uma paciente de 64 anos deu entrada no Hospital de Canberra relatando dores de cabeça, náuseas e diarreia. Após exames, ela foi submetida a uma cirurgia neurológica. E a equipe médica encontrou alojado no cérebro dela um verme de oito centímetros pertencente à espécie Ophidascaris robertsi Ascarid, que costuma infestar cobras python.

O artigo descreve como a paciente mora em uma região em que existem as cobras. Especula-se que ela possa ter sido exposta a ovos do parasita que tenham sido depositados em folhosas. Um mecanismo de contágio comum em outras zoonoses. A diferença, neste caso, é que, além de ser único o fato de que um paciente apresentou este tipo de verminose, a espécie não infectava seres humanos.

O artigo aponta que possivelmente as larvas do parasita se espalharam por outros órgãos do corpo da paciente pela corrente sanguínea, antes de uma delas se fixar no cérebro. A equipe médica teve que fazer uma revisão de literatura e consultar especialistas em outros centros de saúde para definir o melhor tratamento para o caso inédito. A paciente sobreviveu e passa bem, conforme a equipe.

O texto também faz um alerta sobre os riscos de zoonoses à medida que aumenta o convívio humano com espécies selvagens, sujeitas a infecções desconhecidas. 

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