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INVESTIMENTO

São Leopoldo reforça verba destinada a cozinhas comunitárias no município

Programa São Léo Mais Comida no Prato receberá mais de R$ 1 milhão esse ano para a compra de alimentos e equipamentos a 24 espaços, que atendem cerca de 5,5 mil pessoas por semana

Priscila Carvalho
Publicado em: 22/01/2024 às 11h:04 Última atualização: 22/01/2024 às 11h:45
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As cozinhas comunitárias leopoldenses, também chamadas de cozinhas sociais, ganharão um reforço importante neste 2024. Na semana passada, o prefeito Ary Vanazzi assinou um termo de destinação de recursos, que aumentará a verba repassada ao programa São Léo Mais Comida no Prato, do qual fazem parte 24 cozinhas.

Com isso, o valor investido passa a ser de R$ 1,04 milhão no ano, o que corresponde a pouco mais de R$ 86 mil por mês – no ano passado, R$ 970 mil foram destinados ao programa. “Serão investidos R$ 1,04 milhão para a compra de alimentos para as 24 cozinhas, e estão previstos outros R$ 100 mil, vindos de uma emenda parlamentar, para aquisição de equipamentos para elas, como panelas, talheres, pratos, copos, conchas, escumadeiras, chaleiras”, destacou o secretário municipal de Assistência Social (SAS), Fábio Bernardo da Silva. O São Léo Mais Comida no Prato tem o objetivo de promover a segurança alimentar e atende semanalmente em torno de 5,5 mil pessoas, por meio das cozinhas, em várias regiões da cidade.

Neiva Paulino cozinha e serve as refeições aos atendidos na Turma do Sopão



Neiva Paulino cozinha e serve as refeições aos atendidos na Turma do Sopão

Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Valor por prato

O secretário explica que o valor repassado por refeição foi aumentado este ano. “Ampliamos o valor para área regular, de R$ 2,50 para R$ 3 o prato. E, em área de ocupação, que tem menos serviços públicos e infraestrutura, passamos de R$ 3,50 para R$ 4”, disse, lembrando que o recurso apenas auxilia o trabalho das cozinhas. “Isso ajuda, mas, na verdade, esses locais continuam precisando de doações e colaboração da sociedade para conseguir atender”.

Como é feita a destinação

No modelo do programa São Léo Mais Comida no Prato, o valor é repassado à instituição âncora, a Associação Meninos e Meninas de Progresso (Ammep), que, semanalmente, paga as compras feitas pelas cozinhas, conforme a necessidade delas, diretamente nos mercados. “Todas às quartas-feiras, das 7h30 às 13h30, elas podem fazer as compras no mercado e a associação âncora, a Ammep, paga a compra imediatamente no ato que a cozinha faz e depois presta conta para a prefeitura. Os alimentos são levados às cozinhas na hora e já podem ser preparados. Na semana seguinte, ela volta a fazer as compras, dentro da capacidade de cada uma servir”, salientou Bernardo.

Espaços se tornam referência

O secretário Fábio Bernardo comentou que o programa existe há cerca de um ano e meio nesse modelo na cidade e que ele vem se tornando referência nacional. “Nós somos uma das cidades que mais têm cozinhas sociais no Brasil”, pontuou, ressaltando a diferença dele para os restaurantes sociais. “A diferença para um restaurante social no Centro é que as cozinhas estão nos territórios e, lá, elas conseguem atender melhor as famílias. Se fosse no Centro, elas não conseguiriam vir dos bairros mais afastados, pois precisariam se deslocar, de ônibus, com filhos”, ponderou.

Para Bernardo, as cozinhas também se tornaram a porta de entrada para que as pessoas possam ser encaminhadas aos Centros de Referência e Assistência Social (Cras), a fim de conhecerem e buscarem outros benefícios, como o Bolsa Família. “As cozinhas passaram a ser referência nos territórios para essas pessoas em situação de pobreza, e que muitas vezes nem sabem que tem direito a esses benefícios”.

Destaque para os voluntários

O titular da SAS realçou ainda o trabalho dos voluntários nas cozinhas comunitárias. “Nós garantimos o valor para a compra de alimentos, mas quem faz a diferença são as lideranças voluntárias de cada cozinha, a dedicação e o empenho deles”, enalteceu Bernardo.

O mesmo salientou o prefeito Vanazzi quando do ato de assinatura do termo de destinação de recursos. “Ao longo da história sempre aparece aqueles que tem um compromisso real com a população mais necessitada, e vocês, voluntários das cozinhas sociais, são essas pessoas que estão na história. Vocês são os anjos na vida de milhares de pessoas.”

Atendimento para crianças e pessoas carentes

Uma das cozinhas beneficiadas pelo programa e pelas doações da comunidade é a da Turma do Sopão, no bairro Vicentina. Por lá, além de servir café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e janta para as 112 crianças atendidas no decorrer do ano, a entidade ainda serve café da manhã e almoço para moradores de rua e famílias em situação de vulnerabilidade, de segunda a sexta-feira, inclusive durante as férias de janeiro.

Vice-presidente da instituição, Marli Pereira reforçou a importância da destinação de recursos pelo programa e das doações da comunidade para seguir atendendo. “Vai muita comida aqui. Às vezes temos que ajustar, trocar a carne por carne moída, que é mais barata, escolher uma verdura com preço menor, se não, não conseguimos”.

Para ajudar a Turma do Sopão com doações, especialmente de gêneros alimentícios, interessados podem entrar em contato pelos números (51) 3566-7917 ou (51) 99612-8082, ou ir até a sede da entidade, que fica na Avenida João Corrêa, 3622, bairro Vicentina, em São Leopoldo.

Ajuda essencial

Cozinheira oficial do espaço, Neiva Paulino, 57 anos, conta que a cada dia nesse período de férias, só para servir os cerca de 50 almoços diários, precisa cozinhar 3 quilos de feijão. “Quando as crianças estão aqui, uso de 4 a 5 quilos daí”, comenta.

Neiva trabalha há 28 anos na Turma do Sopão e já é conhecida por sua comida. Na sexta-feira (19), Lisandra Viana de Oliveira, 25, foi até lá para provar mais uma vez da refeição dela. “Quando eu era criança, nós vínhamos todos os dias pegar comida aqui, porque nossa situação não era muito boa. Hoje, as coisas melhoraram e eu tenho apoio do meu pai. Mas e as pessoas que não tem isso? Eles ajudam muito”, opinou a jovem.

O mesmo pensa Cleuza Rodrigues da Silva, 59, que vai todos os dias ao local buscar café da manhã e almoço para ela e a filha acamada. “A comida é excelente. E essa ajuda é muito importante para nós. Só tenho que agradecer à Turma do Sopão e a Deus.”



As cozinhas comunitárias inscritas no programa

Região Nordeste
– Almoço Humanitário (Av. Manuel José Brás, 312. Loteamento Chácara dos Leões/bairro Santos Dumont)
– Ocupação Steigleder (Rua Antônio Ferreira Guimarães, s/ nº, Ocupação Steigleder/bairro Santos Dumont)
– Grupo de Coração (Rua João Arthur Koche, 51, bairro Santos Dumont)
– Alimento Solidário Vô Szeckir – Novo Amanhã (Rua Fernando Ferrari, 309, bairro Rio dos Sinos)
– Paróquia Santo Inácio de Loyola – Sopa Solidária (Rua Leopoldo Wasum, 779, Vila Brás/bairro Santos Dumont)
– Projeto K’Anjos do Bem (Ocupação Redemix, bairro Rio dos Sinos)
– Ocupação Mauá Esperança (Rua dos Adventistas, 60, Ocupação Mauá/bairro Santos Dumont)
– Mãos Solidárias (Rua 26, 300, Vila Brás/bairro Santos Dumont)
– Associação Ilê Axé Oyawoie (Rua Dr. Hillebrand, 774, bairro Rio dos Sinos)
– Ocupação Horta (no final da Rua Dienstmann, bairro Rio dos Sinos)
– Tenda da Esperança (Rua Isaura Maia, 11, bairro Santos Dumont)

Região Norte
– Aliança do Bem (Rua Canela, 210, Loteamento Tancredo Neves/bairro Arroio da Manteiga)
– Cozinha Marielle Franco – AAPPIM (Rua Seringueira, 242, Loteamento Tancredo Neves/bairro Arroio da Manteiga)
– São Francisco (Rua Pinhal Alto, 147, bairro Campina)

Região Oeste
– Turma do Sopão – Sobra da Panela (Av. João Corrêa, 3622, bairro Vicentina)
– Associação de Moradores Arcanjo São Miguel (Rua Lindomar de Borba, 70, bairro São Miguel)
– Barriguinha Cheia (Rua David de Azevedo Gusmão, 120, bairro Vicentina)

Região Leste
– CESF (Rua Eugênio Emilio Daudt, 130, Madezatti/bairro Feitoria)
– AMOCF – Associação de Moradores Cohab Feitoria – Tá na Mesa (Av. Rodolfo Muller, 1604, bairro Feitoria Cohab)
– Terra Indígena Por Fi Ga (Estrada do Quilombo, 1015, Terra Indígena/bairro Feitoria)

Região Centro/Sudeste/Sul
– Coletivo Quem Planta Colhe (Travessa São Francisco, 595, Ocupação Justo/bairro Duque de Caxias)
– Tenda do Encontro – Encontrando o Futuro (Rua da Tenda, 27, Ocupação Justo/bairro Duque de Caxias)
– Fazer o Bem sem Olhar a Quem (Estrada do Morro do Paula, próximo a parada 2111, Ocupação Morada do Sol/Morro do Paula – bairro São Borja)
– Guerreiros/as da Ocupação Justo (Rua Ermelindo Varnieri, 216, Ocupação Justo/bairro Duque de Caxias – Cohab)

 

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