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Fim do espetáculo

"Só sobraram as lonas sujas de barro", diz dono de circo destruído pela enchente em Canoas

Circo Bonaldo D'Italia estava há uma semana na cidade quando a inundação atingiu o picadeiro montado no bairro Harmonia

Publicado em: 05/06/2024 às 13h:20 Última atualização: 05/06/2024 às 14h:57
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Com semblante cansado, Primo Augusto Bonaldo caminha sobre objetos e adereços sujos de barro que fizeram parte de sua história.

A maior parte da história do Circo Bonaldo D'Italia permanece coberta de barro em Canoas



A maior parte da história do Circo Bonaldo D’Italia permanece coberta de barro em Canoas

Foto: PAULO PIRES/GES

O veterano trapezista de 67 anos é dono do Circo Bonaldo D’Italia, cuja estrutura acabou destruída pelas águas do dique rompido, no bairro Mathias Velho, em Canoas.

“Só sobraram as lonas sujas de barro”, diz. “O restante está destruído e a gente não sabe nem como recomeçar, já que nunca passamos por uma situação assim.”

O veterano trapezista conta ter chegado a Canoas uma semana antes das inundações. Houve um espetáculo no picadeiro montado no bairro Harmonia antes que a chuva começasse.

“De repente, começou a chover e não parou mais”, lembra. “A gente imaginou que pararia, mas logo a água já estava tomando conta de tudo e começamos a tentar salvar os materiais.”

A situação se agravou e os dez integrantes do circo precisaram buscar auxílio de um abrigo. Acabaram em um ginásio em Porto Alegre, onde as condições eram precárias.

“Mal voltamos e já descobrimos que o dono do terreno quer a área de volta, mas nossos caminhões estragaram e vai ser difícil conseguir sair.”

Com a lembrança de antigos espetáculos que faziam a alegria de milhares pessoas em uma só noite, o artista circense observa que jamais imaginaria ter que fechar as cortinas.

“A gente só parou mesmo durante um curto período durante a pandemia”, recorda. “Eu nunca caí do trapézio e não esperava ter que baixar a lona desse jeito.”

Bonaldo em frente as motos que antes eram usadas no desafiador Globo da Morte



Bonaldo em frente as motos que antes eram usadas no desafiador Globo da Morte

Foto: Paulo Pires/GES

Recomeço

A malabarista Vanessa Bonaldo, 43 anos, relata que precisou buscar a carrinho de pipocas a quase um quilômetro de distância. “Perdemos muito material por causa da água, mas teve aquele que conseguimos resgatar quando a água enfim baixou”, conta.

Também gerente do circo, ela disse que voluntários apareceram com doações, no entanto, a falta de água prejudica bastante quem precisa limpar os materiais. “Tudo é barro e não há água para podermos limpar”, explica. “Porque esse barro grosso não sai com baldes que a gente pega com os vizinhos. A água precisa de força.”

Por enquanto, Vanessa permanece acampada na área à espera de auxílio para conseguir limpar o material e colocar os carros em funcionamento para ir embora.

“A gente vai superar essa e o circo vai voltar a se apresentar”, garante. “Só precisamos de ajuda agora para conseguir se reerguer”.

Ajuda

Quem quiser ajudar o Circo Bonaldo D’Italia, pode entrar em contato com a Vanessa pelo WhatsApp (51) 99844-7755. Foi criada também a vaquinha por meio do site https://www.vakinha.com.br/1568434. Quem preferir, pode ir até o endereço na Avenida José Maia Filho. 

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